SÃO PAULO (Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse nesta quinta-feira que não tem medo de ser preso em meio às
investigações das operações Lava Jato e Zelotes e afirmou que pode ser
candidato à Presidência da República em 2018 para defender o projeto de
governo do PT, inaugurado por ele em 2003 e que teve continuidade com a
presidente Dilma Rousseff.
"Eu não temo ser preso, porque eu
duvido que tenha alguém nesse país, alguém, do pior inimigo meu ao
melhor amigo meu, qualquer empresário pequeno ou grande, que diga que um
dia teve uma conversa comigo ilícita", disse o ex-presidente em
entrevista ao SBT.
Lula é alvo de uma investigação do Ministério
Público Federal no Distrito Federal que apura se ele promoveu tráfico de
influência para favorecer a empreiteira Odebrecht, uma das investigadas
na Lava Jato, na obtenção de contratos no exterior. Em depoimento
espontâneo prestado aos procuradores, ele disse ser comum ex-presidentes
defenderem as empresas do seu país no exterior.
Na semana
passada, em nova fase da Zelotes, que investiga fraude em julgamentos do
Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), do Ministério da
Fazenda, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão em uma
empresa de marketing esportivo de propriedade de um dos filhos do
ex-presidente.
Na entrevista desta quinta-feira, Lula disse que
esses fatos são normais na democracia e exaltou seu governo (2003-2010)
por dar autonomia à Polícia Federal e independência ao Ministério
Público.
Sobre uma eventual nova candidatura ao Palácio do
Planalto em 2018, que seria sua sexta disputa presidencial, Lula
garantiu que poderá concorrer caso sinta que o projeto petista de
governar esteja ameaçado.
"Se houver necessidade de defender o
projeto que fez com que os pobres fossem vistos nesse país, que incluiu
milhões e milhões de pessoas, para esse projeto, se eu perceber que ele
vai correr risco, você não tenha dúvida que eu estou disposto a ser
candidato", garantiu.
"EQUÍVOCO"
O ex-presidente
avaliou, ainda, que o governo Dilma cometeu "equívocos" em seu primeiro
mandato, como desonerações de impostos e o congelamento do preço da
gasolina, e afirmou que, se fosse presidente, adotaria uma forte
política de crédito para sair da crise econômica.
"Houve equívoco
no governo? Houve", disse. "Houve equívoco, por exemplo, quando não se
aumentou em 2012 o preço da gasolina. Nós acumulamos uma inflação que só
foi acontecer no segundo mandato da Dilma", afirmou.
Lula também criticou o que chamou de excesso de desonerações feitas pelo governo de sua sucessora.
"Talvez
o governo tenha descoberto que desonerou tanto, sabe, quando já tinha
ultrapassado o limite, eu acho que foi um equívoco desonerar
consequentemente. E eu não vejo uma propaganda na televisão agradecendo o
governo pela desoneração, eu vejo propaganda contra a CPMF", disse
Lula, referindo-se ao imposto que o governo está tentando recriar como
parte do esforço para reequilibrar suas contas.
"Eu acho que não
deveria fazer tanta desoneração... Mas também assim, quando você está do
lado de fora, você acha, você pensa, você acredita. Quando você está do
lado de dentro, você faz ou não faz, você toma uma decisão. Tomou uma
decisão, percebeu que vazou, tenta mudar. Eu acho que é isso que a Dilma
está fazendo agora."
Questionado sobre qual seria a saída para a
atual crise econômica vivida pelo país, Lula, que governou de 2003 a
2010, disse que existem dois caminhos: o aumento de impostos, caminho
que Dilma tem buscado seguir com a proposta de recriação da CPMF, e a
adoção de uma política forte de crédito.
"Eu faria uma política de crédito", declarou Lula.
"Primeiro
à cadeia produtiva, fazendo com que as grandes empresas fossem
avalistas das pequenas empresas fornecedoras delas, depois eu aumentaria
o crédito consignado para o setor da indústria privado, depois a gente
liberaria crédito para os governadores e prefeitos que têm capacidade de
aumentar financiamento... você pode abrir crédito para consumo", disse.
( Fonte UOL Reportagem de Eduardo Simões)
6 de novembro de 2015
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Lula nega ter medo de ser preso e diz que pode ser candidato para defender projeto petista
Lula nega ter medo de ser preso e diz que pode ser candidato para defender projeto petista
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