Um crime de 
gestão fraudulenta que envolve a fábrica da Itaipava em Alagoinhas, no 
agreste baiano, é investigado pela Polícia Federal (PF) e Controladoria 
Geral da União (CGU). Quatorze mandados de busca e apreensão são 
cumpridos na manhã desta sexta-feira (22) na Bahia, Ceará, São Paulo e 
Rio de Janeiro. Conforme a investigação, foi apurada suspeita de crime 
de gestão fraudulenta em razão de procedimento de troca de garantia em 
financiamento no Banco do Nordeste do Brasil (BNB), medida que concedia 
benefício a um grupo empresarial específico. A apuração revelou que em 
17 de setembro de 2017 o Conselho de Administração do Banco do Nordeste 
do Brasil (BNB) aprovou a troca da fiança bancária (ótima garantia com 
nota de rating AA) pela hipoteca da planta industrial de uma fábrica de 
bebidas construída na Bahia (rating B), o que se deu após parecer 
técnico favorável. Relatórios da CGU apontaram: descumprimento de normas
 do banco quanto à avaliação de risco da operação; descumprimento de 
norma do banco em relação à substituição da garantia; não estabilização 
do empreendimento da Bahia; fragilidade no acompanhamento do BNB na 
comprovação financeira na construção da fábrica na Bahia. Já relatórios 
do Tribunal de Contas da União apontaram ainda que: o pedido de troca da
 garantia era tecnicamente inepto; a participação da administração 
central do BNB de Fortaleza/CE ao invés da administração da Bahia na 
elaboração do relatório técnico que permitiu a troca. Segundo o TCU o 
procedimento é considerado atípico; e não foram adotadas ações 
compensatórias à troca da garantia. A PF e a CGU ainda afirmam que houve
 burla a normas de compliance internos do Banco, uma vez que as máquinas
 que compunham o Parque Industrial da Bahia estavam alienadas 
fiduciariamente a um banco alemão, o que era expressamente de 
conhecimento do banco quando da instrução da proposta de financiamento. 
Essa grave circunstância gerava uma situação de insuficiência de 
garantia (nota de rating D). As investigações apontaram ainda que houve 
apresentação de uma certidão inidônea do Cartório de Registro de Notas e
 Documentos de Alagoinhas afirmando falsamente que tais bens estavam 
livres e desembaraçados de ônus. Conforme depoimento de diretor da 
construtora Odebrecht, em acordo de colaboração premiada no âmbito de 
Inquérito da Operação Lava Jato, parte dos recursos utilizados para as 
construções das fábricas da cervejaria no Nordeste foi utilizado para 
alimentar o esquema montado pela Construtora e pela cervejaria, batizado
 de “CAIXA 3”, que consistia em doações oficiais para campanhas 
políticas pela Odebrecht por meio da mesma. Em 2015, a revista Época 
divulgou que o dono da cervejaria, Walter Faria, conseguiu renegociar em
 24 horas empréstimo camarada com o Banco do Nordeste e, cinco dias 
depois, depositou R$ 5 milhões na conta do comitê da candidata à 
presidente da República, Dilma Rousseff, no ano anterior. De acordo com a
 revista, as diretorias do BNB eram controladas, à época, por indicados 
do ex-governador Jaques Wagner e pela própria Dilma.
23 de dezembro de 2017
Alagoinhas: Operação apura gestão fraudulenta que envolve fábrica da Itaipava
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David Gouveia Notícias
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