Na reportagem desta semana, a revista Istoé revela que o ministro da
Casa Civil e ex-governador da Bahia, Jaques Wagner manteve uma estreita
relação com o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC. Um dos trechos
da reportagem revela a relação entre o petista e empreiteiro:
“Em março de 2014, às vésperas da Operação Lava Jato, o
empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, encarregou Maria de
Brotas Neves, secretária executiva da empresa, de providenciar um
presente para um amigo. O destinatário era o então governador da Bahia,
Jaques Wagner (PT). Maria de Brotas encomendou três garrafas do vinho
Vega Sicilia Gran Reserva 2003, a R$ 2 mil a unidade, numa distribuidora
de bebidas de São Paulo, para serem retiradas em Lauro de Freitas, na
Grande Salvador. Era o aniversário de Wagner. O empresário fez um
bilhete de próprio punho para ser entregue com a encomenda, em que
felicitava o petista por mais um ano de vida. “Meu caro governador…”,
escreveu Pessoa dois anos atrás, quando era desenfreada a roubalheira
envolvendo contratos da Petrobras.
De lá para cá, com o avanço da Operação Lava Jato, muito se
revelou sobre as estreitas ligações entre empreiteiros e políticos.
Relações, de acordo com as investigações, pautadas muito mais por
interesses privados do que públicos. A descoberta do Petrolão levou
Pessoa para a cadeia e hoje o empreiteiro cumpre prisão domiciliar por
conta de um acordo de delação premiada.”
Ainda de acordo com a reportagem, nas próximas semanas, com o fim do
recesso do Judiciário, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
deve pedir a abertura de inquérito para averiguar as denúncias contra
Wagner.
Jaques Wagner já estava na alça de mira dos procuradores por causa dos
diálogos expostos pelo celular apreendido de Leo Pinheiro,
ex-presidente da Construtora OAS. Agora, a revista Istoé desta semana
revela que o ministro também manteve uma estreita relação com o
empreiteiro Pessoa, da UTC. Um documento que está no STF mostra que,
além dos preparativos para a compra do vinho dado de presente ao então
governador da Bahia, nas agendas do empreiteiro há referências diretas a
pelo menos 12 encontros com o ex-governador entre 2011 e 2014. Há
inclusive menção a uma reunião que o representante da UTC teria tido com
um filho do petista.
Segundo a revista, esses documentos se somam ao material que chegou de
Curitiba relacionado à OAS. Mensagens de telefone interceptadas
apontaram a relação do ex-governador baiano com o ex-presidente da OAS.
Assim como a UTC, a OAS é acusada de fraudar licitações da Petrobras.
São conversas diretas entre os dois e também de interlocutores do
governo da Bahia na segunda gestão de Wagner, entre 2011 e 2015. A
Polícia Federal suspeita que os contatos eram para tratar de doações de
campanha para a candidatura de Nelson Pellegrino (PT) à prefeitura de
Salvador em 2012. Foram identificadas mensagens de texto trocadas entre
agosto de 2012 e outubro de 2014 em que há negociação de apoio
financeiro ao candidato petista e também pedidos de intermediação do
governador com o governo federal em favor de empresário. “É feio”, assim
foi classificado na PGR o teor das conversas.
Estaleiro
Outro caso revelado pela revista é que em Curitiba, os procuradores da
Lava Jato já têm a informação de que houve propina nas obras do
Estaleiro Enseada do Paraguaçu (EPP), assumido pelo consórcio formado
por quatro empresas, entre elas a UTC e a OAS, com investimento de R$ 2
bilhões. Em julho de 2012, a presidente Dilma Rousseff e Wagner lançaram
a pedra fundamental do empreendimento, em Maragogipe (BA), a poucos
quilômetros de Salvador.
Agora, a Procuradoria da República vai tentar obter os detalhes dos encontros mantidos entre Pessoa e Wagner.
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