Segundo a família da criança, ele foi barrado
por usar bermudas brancas e guias por baixo do uniforme. “Antes de ele
entrar para o candomblé, eu avisei para a professora e ela logo disse
que ele não entraria no colégio. Eu expliquei que ele teria que usar
branco e as guias, mas ela não aceitou”, contou a mãe do estudante, Rita
de Cássia, em entrevista ao G1 Rio de Janeiro.
Tudo
começou quando a criança, após passar um mês afastada das salas de
aula, tentou retomar os estudos. “Eu levei o meu filho e, na porta da
escola, ela [diretora] não viu que eu estava atrás e colocou a mão no
peito dele e disse: ‘Aqui você não entra’. E eu expliquei que ele teria
que usar as guias e o branco por três meses e aí ela respondeu: ‘O
problema é seu’”, disse Rita de Cássia.
Indignada,
a mãe do menino disse que o filho se sentiu muito humilhado diante dos
colegas e chorou muito. “Se ela estivesse esperado todo mundo entrar e
me chamasse no canto para tentar encontrar uma forma para colocar ele
pra dentro seria uma coisa. Mas, não. Ela barrou ele na frente de todo
mundo. Eu discuti, falei palavrão feio pra ela, eu admito, mas ela não
poderia ter feito isso com ele. Ele foi muito humilhado”, desabafou a
mãe.
Rita disse ainda que entrar para a
religião foi escolha do filho. “A escolha de entrar para o candomblé
foi dele. Ele sabe o que quer, é muito firme nas decisões. Por nada ele
larga a religião dele. Quando aconteceu isso tudo ele disse: ‘Se eu
fosse muçulmano ou qualquer outra coisa eu deveria ser respeitado, isso é
discriminação. Se o meu filho estivesse com drogas, se tivesse arma
tenho certeza que eles iam tampar os olhos”, reclamou ela, que contou
que o filho está muito triste e sem vontade de voltar à escola.
O
caso ocorreu no dia 25 de agosto. Quatro dias depois, o jovem foi
transferido para a Escola Municipal Panamá, também no Grajaú, onde foi
bem recepcionado por todos. “Depois que eu fui lá para pedir a
transferência a diretora disse que não gostaria que eu levasse ele
porque ele era um ótimo aluno. Mas o que ela não poderia era ter feito
meu filho passar vergonha. Depois que ele foi tão humilhado, meu filho
foi muito bem aceito na escola nova. Todo mundo me apoiou. Pra quem é
mãe é muito difícil ver um filho sofrendo esse preconceito”, concluiu a
mãe do jovem.
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