O Papa Francisco enviou uma mensagem aos fiéis brasileiros por ocasião da Campanha da Fraternidade, que começa nesta quarta-feira, quando a Igreja Católica celebra a solenidade de Quarta-feira de Cinzas. O tema da campanha, este ano, é “Fraternidade e superação da violência”. O texto, escrito no dia 27 de janeiro, foi divulgado nesta manhã pelo Vaticano.
No documento, o Santo Padre exorta os
brasileiros a promoverem uma cultura de paz, reconciliação e justiça. “
Deixar de lado o ressentimento, a raiva, a violência e a vingança são
condições necessárias para se viver como irmãos e irmãs e superar a
violência”, escreve o Pontífice.
A
Campanha da Fraternidade foi criada em 1962, pela Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB), e é apresentada todo ano no início a
Quaresma, período de 40 dias no qual a Igreja Católica convida os fiéis a
praticar oração e jejum. O objetivo da campanha é despertar a
solidariedade dos fiéis em relação a problemas concretos que envolvem a
sociedade brasileira, buscando caminhos de solução.
Em
Brasília, a cerimônia de lançamento da campanha acontece nesta
quarta-feira, às 10h, na sede da CNBB. No Rio de Janeiro, a campanha
será lançada no próximo sábado, a partir das 8h, em uma cerimônia
realizada na Catedral de São Sebastião, no Centro da cidade.
“Queridos irmãos e irmãs do Brasil!
Neste
tempo quaresmal, de bom grado me uno à Igreja no Brasil para celebrar a
Campanha “Fraternidade e a superação da violência”, cujo objetivo é
construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e
da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da
violência. Desse modo, a Campanha da Fraternidade de 2018 nos convida a
reconhecer a violência em tantos âmbitos e manifestações e, com
confiança, fé e esperança, superá-la pelo caminho do amor visibilizado
em Jesus Crucificado.
Jesus
veio para nos dar a vida plena (cf. Jo 10, 10). Na medida em que Ele
está no meio de nós, a vida se converte num espaço de fraternidade, de
justiça, de paz, de dignidade para todos (cf. Exort. Apost. Evangelii
gaudium, 180). Este tempo penitencial, onde somos chamados a viver a
prática do jejum, da oração e da esmola nos faz perceber que somos
irmãos. Deixemos que o amor de Deus se torne visível entre nós, nas
nossas famílias, nas comunidades, na sociedade.
“É
agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (1 Co 6,2; cf. Is
49,8), que nos traz a graça do perdão recebido e oferecido. O perdão
das ofensas é a expressão mais eloquente do amor misericordioso e, para
nós cristãos, é um imperativo de que não podemos prescindir. Às vezes,
como é difícil perdoar! E, no entanto, o perdão é o instrumento colocado
nas nossas frágeis mãos para alcançar a serenidade do coração, a paz.
Deixar de lado o ressentimento, a raiva, a violência e a vingança são
condições necessárias para se viver como irmãos e irmãs e superar a
violência.
Acolhamos, pois, a exortação do Apóstolo: “Que o sol não se
ponha sobre o vosso ressentimento” (Ef 4, 26).
Sejamos
protagonistas da superação da violência fazendo-nos arautos e
construtores da paz. Uma paz que é fruto do desenvolvimento integral de
todos, uma paz que nasce de uma nova relação também com todas as
criaturas. A paz é tecida no dia-a-dia com paciência e misericórdia, no
seio da família, na dinâmica da comunidade, nas relações de trabalho, na
relação com a natureza. São pequenos gestos de respeito, de escuta, de
diálogo, de silêncio, de afeto, de acolhida, de integração, que criam
espaços onde se respira a fraternidade: “Vós sois todos irmãos” (Mt
23,8), como destaca o lema da Campanha da Fraternidade deste ano. Em
Cristo somos da mesma família, nascidos do sangue da cruz, nossa
salvação. As comunidades da Igreja no Brasil anunciem a conversão, o dia
da salvação para conviverem sem violência.
Peço
a Deus que a Campanha da Fraternidade deste ano anime a todos para
encontrar caminhos de superação da violência, convivendo mais como
irmãos e irmãs em Cristo. Invoco a proteção de Nossa Senhora da
Conceição Aparecida sobre o povo brasileiro, concedendo a Bênção
Apostólica. Peço que todos rezem por mim.
Vaticano, 27 de janeiro de 2018.
Franciscus PP.”
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