O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) deixou nesta quarta-feira (28) a
liderança do partido no Senado afirmando que não tolera o que
classificou de "postura covarde" do presidente da República Michel
Temer. "Não detesto Michel Temer. Não é verdade o que dizem. O que eu
não tolero é sua postura covarde diante do desmonte da consolidação do
trabalho", disse.
A decisão de Renan foi tomada na manhã desta quarta depois de uma série
de conversas com parlamentares do partido. Ao anunciar a renúncia ao
cargo, o senador disse que estava "se libertando de uma âncora pesada e
injusta". "Convencido de que o problema do governo é o líder do PMDB, me
afasto da liderança para expressar meu pensamento e exercer minha
função com total independência", disse o peemedebista, indicando que
manterá independência em relação ao governo.
Renan acusou o governo Temer de "perseguir" os parlamentares que não
"rezam a cartilha do governo" e disse não ter vocação para ser
"marionete". Em discurso que durou cerca de 15 minutos, o senador voltou
a falar que o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), preso em Curitiba por ordem do juiz Sergio Moro, continua
influenciando o governo. Disse ainda que há indícios de que Cunha,
inclusive, recebeu dinheiro, endossando indiretamente as acusações
feitas por Joesley Batista, dono do grupo JBS, que gravou conversa com
Temer em que diz que pagaria mesada a Cunha para manter seu silêncio na
cadeia.
Temer, segundo delação de Joesley, teria concordado com a compra do
silêncio do ex-deputado e do operador Lúcio Funaro, também preso na Lava
Jato. Renan lembrou ainda dos rumores da última semana, de que o
presidente Michel Temer substituiria a advogada-geral da União, Grace
Mendonça, por Gustavo Rocha, secretário de assuntos jurídicos da Casa
Civil. Para ele, o fato é indicativo de que o ex-presidente da Câmara
influenciaria o governo mesmo de dentro da cadeia. "Novamente a
influência do Eduardo Cunha estava sendo levada a efeito para colocar na
AGU (Advocacia-Geral da União) quem funciona como seus olhos e ouvido
no Palácio do Planalto", disse.
Na noite de terça-feira (27), Renan teve uma longa conversa com o
presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), na qual relatou que
"perdeu o ambiente" para se manter na liderança do partido. Para
Eunício, o gesto de Renan demonstra "grandeza" ao pedir para sair em
nome da "unificação da bancada" do PMDB. O encontro aconteceu depois de
um discurso inflamando de Renan em plenário no qual ele afirmou que
Temer "faz de conta que governa". O peemedebista sugeriu ainda que Temer
conduza sua saída do Palácio do Planalto.
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David Gouveia Notícias
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