Em pronunciamento na tarde deste sábado
(20), o presidente Michel Temer afirmou que a gravação de que foi alvo
foi "fraudulenta e manipulada" e atacou o delator Joesley Batista, da
JBS.
"Ele cometeu o crime perfeito. Enganou os
brasileiros e agora mora nos Estados Unidos. Quero observar a todos
vocês as incoerências entre o áudio e o teor do depoimento. Isso
compromete a lisura de todo o processo por ele desencadeado."
Temer, trajando camisa social e sem
gravata, confirmou que vai pedir ao Supremo a suspensão do inquérito até
que sejam avaliadas as gravações.
"Continuarei à frente do governo", finalizou.
Este foi o segundo pronunciamento do
presidente desde que veio à tona o conteúdo das delações de Joesley
Batista e de outros executivos da JBS.
A partir delas, o procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, pediu a abertura de investigação ao STF
(Supremo Tribunal Federal) por ter identificado indícios da existência
de três crimes: obstrução de Justiça, corrupção passiva e organização
criminosa.
As revelações levaram o governo a sua maior crise no pouco mais de um ano desde que Temer assumiu o Planalto, em maio de 2016.
Na quinta-feira (18), Temer fez um rápido
pronunciamento para rebater as acusações de Joesley Batista de que deu
aval para a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Na fala em tom duro, o presidente disse que não renunciaria ao mandato.
Na sexta-feira (19), porém, novas
acusações surgiram contra Temer e o agravamento da crise fez com que
aliados o pressionassem a deixar o cargo.
Agora, a defesa do peemedebista,
comandada pelo advogado criminalista Antonio Claudio Mariz de Oliveira,
argumenta que a investigação não pode prosseguir enquanto não for
analisada a validade da gravação de uma conversa entre o presidente e o
empresário Joesley Batista, que embasou a abertura do inquérito.
A estratégia de Temer é contestar a
legalidade da gravação, atacando falhas no áudio entregue à PGR
(Procuradoria-Geral da República), para tentar postergar o avanço da
investigação.
A avaliação do Planalto é de que há
caminhos para salvar Temer das acusações feitas contra ele no âmbito
jurídico, mas a suspensão do inquérito seria importante para reduzir o
peso político que a condição de investigado confere ao presidente.
Por Folhapress | Fotos: Pedro Ladeira / Folhapress
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