Naquele que já é apontado como o maior assalto da história do Paraguai,
criminosos invadiram na madrugada desta segunda-feira (24) a sede da
transportadora de valores Prosegur em Ciudad del Este, próxima à
fronteira com o Brasil, e roubaram cerca de US$ 40 milhões, o
equivalente a cerca de R$ 120 milhões.
A sede da empresa fica a 4 km da Ponte Internacional da Amizade, na
fronteira paraguaia com Foz do Iguaçu, no extremo oeste do Paraná.
O modus operandi da ação lembra recentes casos ocorridos no interior de
São Paulo, com quadrilha armada com fuzis e metralhadoras, explosões e
barricadas para conter a perseguição policial.
O ministro do Interior paraguaio, Lorenzo Lezcano, disse à Folha que
esse foi um assalto "de dimensões que jamais existiram" no país e que os
suspeitos são brasileiros.
Mais cedo, ele havia afirmado à rádio ABC Cardinal que a maioria dos
carros usada no assalto tinha placa do Brasil e que uma vítima afirmou
ter ouvido os criminosos falarem em português.
Autoridades paraguaias, a Polícia Federal brasileira e a Polícia
Militar do Paraná trabalham em conjunto na busca do grupo de
assaltantes.
A Polícia Civil de São Paulo, por meio de um núcleo já existente de
troca de informações com a PF, também atua no caso, já que a suspeita é
de participação de integrantes da facção criminosa PCC que atuam em São
Paulo.
Na perseguição aos bandidos logo após o mega-assalto, um policial
paraguaio foi morto. À tarde, policiais brasileiros trocaram tiros com
suspeitos na região de Itaipulândia (PR). A PM informou que três
suspeitos morreram --outros quatro foram presos.
Pela manhã, cerca de 20% das escolas de Ciudad del Este suspenderam as
aulas. À tarde a situação se normalizou, mas muitos alunos não
compareceram às aulas.
O ROUBO
O roubo ocorreu por volta da 0h30. Na invasão, mais de 50 assaltantes
utilizaram caminhonetes com metralhadoras de combate antiaéreo e
granadas. Moradores vizinhos foram feitos reféns em meio aos tiroteios e
explosões.
Durante a fuga, os bandidos incendiaram 15 veículos em diversas partes
da cidade. Um deles, abandonado na frente da empresa e com placa
brasileira, foi usado para transportar explosivos e outros equipamentos.
Os outros 14 foram usados para dificultar o trabalho da polícia,
incluindo um caminhão que bloqueava a estrada.
Um taxista contou ao jornal local que voltava de uma corrida quando viu
o caminhão incendiado no meio da via. Segundo ele, depois que freou,
quatro pessoas com armas apareceram e dispararam na direção do capô do
seu carro.
Eles queriam roubar seu veículo, mas um pneu estava furado, então os
assaltantes gritaram em português que ele tinha dois minutos para
trocá-lo. Mesmo após a troca, o carro não funcionou. O taxista então se
afastou e se escondeu na vegetação. Ele disse que a cada cinco minutos
sentia o estrondo das explosões.
Em nota, a Prosegur lamentou a morte do agente e agradeceu o trabalho
das autoridades, mas disse que "se preocupa com o nível de organização
da quadrilha, sua capacidade de atuação e material bélico empregado pelo
crime organizado nesta ação".
Também afirmou que não pode dar mais informações para não interferir
nas investigações e que "cumpre rigorosamente com todos os padrões de
segurança".
Desde 2015, o Estado de São Paulo passou por uma série de mega-assaltos
a transportadoras de valores que ocorreram de forma semelhante ao roubo
em Cidade del Este.
O primeiro ocorreu em Campinas. Até setembro de 2016, houve outros
quatro casos: um também em Campinas, os outros em Santos, Ribeirão Preto
e Santo André.
Eles resultaram na morte de cinco pessoas --três delas policiais. O
dinheiro levado nesses ataques e em outros semelhantes na Bahia e no
Pará nesse mesmo período chegou a R$ 160 milhões, sem incluir os
prejuízos, por exemplo, com a reforma dos prédios.
Assustados, moradores do entorno de empresas passaram a se mobilizar
para tentar afastá-las de áreas urbanas. Já as empresas decidiram
investir R$ 50 milhões em um sistema próprio de defesa, em parceria com o
governo de SP.
Por Folhapress
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