José María Pérez Nuñez-cc |
Muitas pessoas afirmam já ter visto algum tipo de assombração ou conhecem alguém que supostamente viu. Os mortos que aparecem para vivos fazem parte da nossa e de muitas outras culturas; eles alimentaram a literatura e agora alimentam o cinema, que soube explorar essa riqueza popular.
Infelizmente, tal concepção também levou a acrescentar notas extravagantes às crenças populares. Hollywood tem sua própria teologia, ditada pelo lucro dos seus filmes.
O fato é que muitos acreditam firmemente que os defuntos aparecem, e o tema faz parte das interessantes conversas de amigos, nas quais cada participante parece competir para ver quem conta a história mais assustadora, para tirar o sono dos timoratos anônimos, que jamais reconhecerão que o medo foi o que não os deixou dormir.
Mas as assombrações, os fantasmas ou os defuntos que aparecem para os vivos existem mesmo?
O que a Igreja nos ensina
Entendemos por “fantasma” a aparição de um defunto sem seu corpo físico, mas perceptível por todos os sentidos ou por alguns deles.
A Igreja, como doutrina segura, nos ensina que o ser humano pode realizar atos meritórios enquanto tem corpo; quando seu tempo acaba, com a morte, ele já não pode fazer mais nada pela própria salvação.
Também nos ensina que, quando morremos, imediatamente somos julgados por Deus e destinados de acordo com nossa vontade manifestada livremente enquanto vivíamos. Nós escolhemos viver eternamente com Deus ou viver sem Deus.
Além disso, a Igreja nos fala sobre a existência do purgatório, um estado de vida no qual nossa alma se purifica antes de contemplar Deus. De alguma maneira, o purgatório já é o céu, porque significa que já estamos salvos e esperamos a plenitude do céu, conquistada por Jesus.
As benditas almas do purgatório precisam dos nossos sufrágios para poder se purificar, e nós, os vivos, consideramos que é uma obra de misericórdia não só orar pelos nossos defuntos, mas fazer obras boas em nome deles, para “tirá-los” do purgatório.
Em nenhum momento, a Igreja nos fala de fantasmas ou defuntos que aparecem para pedir-nos que nos encarreguemos de algum assunto pendente deles durante a vida. Por outro lado, a Igreja aceita que, em alguns casos, um morto pode aparecer aos vivos.
Por exemplo, Moisés aparece para Jesus em sua transfiguração, junto com Elias, que, segundo a Bíblia, foi arrebatado ao céu em corpo e alma.
Mas, por outro lado, o próprio Jesus nos conta a parábola do pobre Lázaro e a petição do rico para que Lázaro avisasse seus irmãos sobre a existência do inferno, para que se convertessem; o pai Abraão não permite isso, recordando que eles tinham Moisés e os profetas e, que, se não lhes davam ouvidos, tampouco acreditariam em Lázaro.
É possível que um morto apareça? É possível que isso aconteça sim, com uma permissão de Deus, mas precisamos recordar que Deus leva as coisas muito a sério e que não vai permitir que os fantasmas dos mortos invadam nosso mundo real.
A necessidade de outras explicações
O fato é que muitas pessoas, dignas de todo crédito, afirmam ter visto algum tipo de “assombração” ou espírito, e este fenômeno se dá com muita frequência. Por justiça, não podemos afirmar que tais pessoas mentem. Mas o que acontece, então?
Desde o século XIX, surgiu o interesse por dar a estas aparições uma resposta lógica e, se possível, científica, e foi assim que surgiu uma disciplina (que ainda não é ciência) chamada Parapsicologia. Tal disciplina, quando levada a sério, é interessante, mas sabemos que há muitos charlatões que costumam se denominar “parapsicólogos”, sem realmente serem.
Os mais sérios entre eles explicam que tais fenômenos são produto de “espíritos encarnados”, ou seja, nós! Isso significa que os vivos é que causam este tipo de fenômenos, pelo poder da nossa mente e pela ação do inconsciente, que podem nos enganar. Podemos produzir fantasmas que não só nós vemos, mas que são vistos também pelos que estão conosco. Pois é.
Acreditar em fantasmas não vai contra a nossa fé, estritamente falando, mas vai contra o primeiro mandamento da Lei de Deus, que implica em não invocar os mortos nem pedir-lhes que respondam perguntas ditadas pela nossa curiosidade. Isso se chama necromancia e é uma prática comum entre os espíritas e espiritualistas trinitários marianos, dentre outros – por isso, eles já nem se consideram católicos.
Um nível mais simples disso consiste na ouija, que não é um jogo de mesa, e que algum jogam com a ilusão de estabelecer comunicação com um morto e com o próprio demônio. Por isso, um católico não pode “jogar” este jogo tão perigoso.
Continuaremos vendo fantasmas e encontrando pessoas que os vem; o único que podemos fazer é recomendar-lhes que façam oração pelos seus mortos, para que encontrem o descanso eterno.
Fonte:www.aleteia.org
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