Nesta quinta-feira (27), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou uma pesquisa realizada em junho de 2013 sobre a tolerância social da população à violência contra as mulheres no Brasil. O estudo apontou que, apesar da diminuição da tolerância à violência doméstica, os entrevistados ainda acreditam que as mulheres podem ter parcela de culpa em casos de violência sexual.
Na pesquisa, 65,1% das pessoas acreditam que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. Ao todo, 68,5% dos entrevistados também acreditam que “se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros”.
O estudo aponta que, por trás dessas respostas, a responsabilidade do estupro também é jogada para a mulher. “[Existe a] noção de que os homens não conseguem controlar seus apetites sexuais; então, as mulheres, que os provocam, é que deveriam saber se comportar, e não os estupradores”.
Os
autores ainda apontam que os entrevistados acreditam que o estupro parece
surgir também como uma correção. “[As respostas dão a ideia de que] a mulher
merece e deve ser estuprada para aprender a se comportar”, diz outro trecho do
estudo.
Outras
respostas também surpreenderam os pesquisadores. No total, 82% dos
entrevistados acreditam que “em briga de marido e mulher, não se mete a colher”
e 89% concorda que “a roupa suja deve ser lavada em casa”.
A
pesquisa abrange 25 perguntas sobre violência física e psicológica contra a
mulher, relações homoafetivas e reflexões sobre o papel do homem e mulher na
sociedade.
Ao todo,
foram entrevistadas 3.810 pessoas e 66,5% dos pesquisados são mulheres.
Os
resultados apontam que a Lei Maria da Penha, que endurece as punições para o
agressor, contribuiu para minimizar a tolerância à violência contra a mulher.
Para a secretária Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres da
Secretaria de Políticas para as Mulheres, Aparecida Gonçalves, as tendências
machistas vêm mudando. “Apesar de não ter mudado ainda da forma como
gostaríamos, elas vêm se alterando aos poucos, principalmente no que tange à
violência doméstica e familiar”.
*Com
informações do Ipea
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