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Foto: Rede Sociais |
A Câmara Municipal de Inhambupe precisa, urgentemente, rever o verdadeiro significado das moções de aplausos e seu papel como Casa Legislativa que representa o povo. O que deveria ser um reconhecimento público a pessoas que ultrapassam as barreiras da obrigação, virou instrumento político para agradar aliados do governo municipal.
Nesta semana, mais uma moção de aplausos foi concedida a um secretário municipal — um servidor de alto escalão que nada mais fez do que cumprir sua função. É papel de qualquer gestor público executar suas tarefas com responsabilidade e compromisso. Não há mérito extraordinário em fazer o básico.
Virou moda entre alguns vereadores: “Vamos fazer moção para o secretário A, agora para o secretário B, depois o C…”. Se continuar nesse ritmo, em breve teremos uma fila de secretários recebendo aplausos por simplesmente fazerem o mínimo. Isso banaliza completamente o valor simbólico da homenagem.
Enquanto isso, os verdadeiros heróis invisíveis seguem ignorados. Professores, que enfrentam salas superlotadas, baixos salários e estruturas precárias. Garis, que acordam antes do sol nascer para manter a cidade limpa, mesmo sem o devido reconhecimento. Agentes comunitários, servidores da saúde, vigilantes, merendeiras — trabalhadores que estão diariamente em contato direto com a população, enfrentando os desafios reais da ponta do sistema.
A moção de aplausos precisa resgatar sua dignidade. Ela deve ser instrumento de valorização de quem realmente faz a diferença, não moeda de troca para agradar figuras ligadas ao primeiro escalão do governo. Servidores comissionados e secretários foram escolhidos para suas funções — são pagos para isso — e não devem ser premiados apenas por cumprir suas atribuições básicas.
A Câmara de Inhambupe deve parar de usar esse tipo de reconhecimento como cortina de fumaça. O povo espera seriedade, fiscalização e postura firme dos seus representantes. Aplausos devem ser dados a quem luta, a quem se doa, a quem muitas vezes faz muito com quase nada — e não a quem simplesmente fez o que lhe cabia.
É hora de os vereadores olharem para a base da pirâmide social e reconhecerem quem realmente carrega a cidade nas costas.
Por: David Gouveia
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