Após fala transfóbica, Isidório defende união civil de LGBTs: Jesus não negaria - David Gouveia Notícias

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28/09/2023

Após fala transfóbica, Isidório defende união civil de LGBTs: Jesus não negaria

Ele, no entanto, defendeu que o ‘povo cristão tenha o direito de não ser obrigado a fazer cerimônia do casamento que agrida nossa fé’


Após afirmar que “união homoafetiva não é coisa do Brasil” e proferir discurso transfóbico contra a deputada Erika Hilton (Psol-SP) na semana passada, o baiano Pastor Sargento Isidório (Avante-BA) surpreendeu ao defender o direito da população LGBT+ à união civil, durante nova reunião da Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (27).

O baiano iniciou sua fala destacando que no Parlamento atua na condição de deputado federal e não apenas como pastor evangélico, e que apesar de fazer defesa de sua fé religiosa, não pode negar os direitos civis da população, seja ela qual for.

“Todos os dois lados aqui precisam desse movimento, contanto que termine reconhecendo os direitos, reconhecendo a dignidade humana das pessoas. Então, eu nas falas passadas fiz aquela fala, mas sem desrespeitar, quero reiterar que eu sou respeitador de todos os cidadãos e cidadãs, porque ninguém é melhor do que ninguém. A própria Constituição diz que todos são iguais perante a lei. E quando a Constituição diz isso, nao está, inclusive, discriminando que tipo de sexo ‘a’ ou ‘b’ quer fazer”, disse o deputado, que citou Roma e Grécia Antiga, alem de Sodoma e Gomorra para situar a homoafetividade como um fenômeno histórico que segundo ele vem “acontecendo por permissão do próprio Deus, como um democrata”.

“Repito que confesso e respeito sexo da biblia, da religiao, da natureza, mas respeito as diversidades, respeito todas as pessoas e sei que negar os direitos a esses homens e mulheres… O próprio Jesus se estivesse aqui agora, sabendo ele da existência histórica desses convívios e desses relacionamentos, ele não iria [negar], por nenhuma escolha de cada qual faz o que quiser com seu corpo. Nas Jesus não iria negar-lhes por conta se porventura Jesus entendesse como pecado, se Jesus assim quisesse descrever, ele não iria negar o alimento. Ele não iria negar a saúde, ele não iria negar habitação, ele não iria negar o direito ao direito”, acrescentou Isidório a respeito das garantias civis.

Por outro lado, o parlamentar defendeu a necessidade de “deixar claro” que os direitos não extrapolaram para dentro dos templos e apontou que este é o maior temor dos sacerdotes cristãos. “O direito ao direito não pode e não deve ser negado. Apenas preciso pontuar que lá fora, o discurso lá e a maior exigência do nosso povo é a preocupação que eles têm de que dado algum direito aqui, que o gay vá querer exigir, que a parceria gay, a vida homoafetiva, homem com homem, mulher com mulher, vai querer exigir casar na igreja”, disse o deputado pastor. “Agora, o que nós não podemos é deixar a dúvida para os sacerdotes. Sejam eles, padre, pastor, pai de santo, mãe de santo, espírita, seja quem for com seus templos, de que esse casamento vai ser determinado depois ser feito lá dentro”, acrescentou.

Por fim, ele ressaltou a necessidade de deixar entendido que o pleito pelo casamento civil da população LGBT+ visa garantir “direitos à vida, direitos ao alimento, uma vez que existe o gay, existe a lesbica”, ao mesmo tempo que garanta “que o povo cristão tenha o direito de não ser obrigado a fazer cerimônia do casamento que agrida nossa fé”. “O resto é pacificado, todos somos irmãos, sejam gays e lésbicas, e estamos convivendo”, concluiu.

Apesar do temor apontado pelo deputado, a união civil homoafetiva nunca versou sobre cerimônias religiosas, se atendo apenas a direitos já consolidados entre casais heterosexuais, a exemplo de herança, previdência e plano de saúde para cônjuge.

Fonte: Bahia.ba

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