O julgamento do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) sobre o
caso do tríplex, no qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi
condenado em primeira instância em julho, foi marcado para o dia 24 de
janeiro do próximo ano. Pela Lei da Ficha Limpa, se condenado pelos
desembargadores da 8ª turma do colegiado, Lula se tornaria inelegível.
Matéria
feita pelo portal UOL mostra que, mesmo que pareça contraditório, isso
não o impediria de ser o candidato do PT à Presidência da República no
próximo ano. "O TSE [Tribunal Superior Eleitoral] não pode dizer que ele
não é candidato, porque existe um rito [para impugnações de
candidaturas] que precisa ser seguido. Não existe nada que possa impedir
que ele comece a campanha", afirma Fernando Neisser, advogado e
coordenador adjunto da Abradep (Academia Brasileira de Direito Eleitoral
e Política).
A própria presidente do partido, a senadora Gleisi
Hoffmann (PT-PR), deu pistas de que o PT vai deixar o processo correr
dentro do TSE antes de anunciar qualquer plano B para o pleito
presidencial de 2018. "Se têm a expectativa ver Lula inelegível a partir
do julgamento da apelação, enganam-se.
Qualquer discussão ou
questionamento sobre sua candidatura só se dará após o registro no
Tribunal Superior Eleitoral, em agosto. Lula é o nosso candidato e será o
próximo presidente do Brasil", diz a presidente em nota oficial
divulgada pelo PT na noite desta terça-feira (12).
Neisser explica
que todos os que se opõem a candidatura de Lula só poderão apresentar
pedidos de impugnação ao TSE cinco dias após o término do prazo de
registros dos candidatos de cada partido, que é 15 de agosto de 2018.
Mas
para decidir se Lula poderia ou não prosseguir com a candidatura e,
eventualmente, ser eleito, o TSE precisaria primeiro intimar o partido,
receber a defesa dele, realizar as audiências, analisar provas e ter as
alegações finais de todas as partes do processo. Para Neisser, pelo
rito, apenas no começo de setembro os ministros da corte decidiriam se
impugnam ou não a candidatura do ex-presidente.
Ainda assim, mesmo
no caso de haver uma decisão pela impugnação da candidatura, ele
poderia continuar fazendo campanha. "Vamos supor que o TSE reconheça que
ele está inelegível, mas contra essa decisão ainda cabem os embargos de
declaração e recurso [contra a condenação] ao STF [Supremo Tribunal
Federal]. Enquanto o processo não transitar em julgado [ou seja, se
esgotarem todas as possibilidades de recurso], ele seguiria podendo
fazer campanha, e é impossível transitar em julgado antes de outubro",
acredita. PT poderia lançar Lula e substituí-lo antes do 1º turno
Caso
Lula tenha o registro de candidatura indeferido pelo TSE entre o 1º e o
2º turno, os votos que seriam dados a ele na primeira metade da eleição
seriam considerados nulos na contagem de votos do Tribunal. "Nesse
caso, o primeiro e o segundo lugares depois do Lula disputariam o
segundo turno", diz o especialista.
Para não correr o risco de ver
seus votos anulados no caso de o TSE decidir pela impugnação, o PT pode
recorrer ao trecho da lei que permite que o partido substitua a
candidatura em até 20 dias antes da eleição. "O partido tem até 16 de
setembro para trocar o candidato. O novo candidato passaria a entrar no
horário eleitoral. Lula deixaria de ser candidato, mas poderia seguir
fazendo campanha para substituto, porque ele não estaria com direitos
políticos suspensos. Ou seja, poderia aparecer no horário eleitoral do
novo candidato e nas demais atividades de campanha pedindo voto", diz.
Lula
já tem rodado o país em pré-campanha para as eleições de 2018, em
viagens que ele e seus aliados chamam de "caravanas". O ex-presidente
lidera a última pesquisa de intenção de voto do Datafolha, divulgada no
dia 2, em todos os cenários em que aparece.
Segundo a sentença de
Moro contra ele, o ex-presidente recebeu um total de R$ 2,2 milhões em
propina da construtora OAS na forma de um tríplex no Guarujá (SP) e das
reformas feitas no imóvel. De acordo com o juiz, Lula recebeu a
"vantagem indevida" em decorrência do cargo de presidente da República.
A
defesa do ex-presidente afirma que foram ignoradas "evidências
esmagadoras de inocência" e que não há provas dos crimes citados na
sentença. Porém, Lula só conseguiria participar de atividades de
campanha se 8ª turma do TRF-4 não determinar sua prisão, já que ela não é
obrigatória e depende da decisão dos desembargadores. Quando condenou
Lula na primeira instância, o juiz Sergio Moro permitiu que o
ex-presidente recorresse em liberdade.
13/12/2017
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Rito no TSE pode permitir que Lula seja candidato mesmo se condenado, diz especialista
Rito no TSE pode permitir que Lula seja candidato mesmo se condenado, diz especialista
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