Em uma reunião na tarde desta quinta-feira (17 em Amargosa, cidade situada a 235 quilômetros de Salvador, ficou decidido que o policiamento que foi deslocado para o local ainda não tem previsão de deixar o município. A prefeita da cidade de Amargosa, Karina Silva (PSB), se reuniu hoje com autoridades policiais do estado para discutir a situação na cidade após a morte de uma criança de um ano, que gerou uma onda de protestos.
"A reunião era para entender o contexto, como o problema chegou a esse ponto", explica o diretor do Departamento de Polícia do Interior (Depin), Moises Damasceno. Ele foi um dos participantes do encontro, ao lado da prefeita, vereadores e o Secretário de Segurança Pública da Bahia Maurício Barbosa.
De acordo com Damasceno, 30 policiais civis, entre delegados e investigadores, e várias equipes da Polícia Militar, inclusive do Batalhão de Choque, estão em Amargosa para controlar a situação. Na noite de ontem, a delegacia da cidade foi invadida e 49 veículos foram incendiados. O efetivo que veio de cidades próximas ainda não tem prazo para deixar a cidade: "Eles vão ficar aqui até quando for necessário", explica o diretor do Depin.
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Delegacia da cidade foi incendiada na noite de ontem (Foto: Amargosa Informa) |
Entre os 14 presos na carceragem da delegacia de Amargosa que foram liberados na noite desta quarta-feira (16), dois foram presos ainda ontem. Outros dois se apresentaram na delegacia da cidade hoje, acompanhados de advogados.
Escolas e comércio fecham em luto pela morte de criança; multidão acompanha cortejo do corpo até cemitério
O enterro do corpo da criança de 1 ano, que foi atingida por uma bala perdida durante uma troca de tiros ontem (16), acontece ainda nesta quinta-feira (17). Um cortejo com amigos e familiares deixou o local onde ela estava sendo velada às 16h, e atravessa a cidade até chegar no cemitério municipal de Amargosa acompanhado de uma multidão.
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Multidão acompanhou cortejo do corpo da menina até cemitério(Foto: Alexandro Motta) |
A comoção na cidade por conta da morte da criança é
grande. Nesta quinta, poucos supermercados e outros estabelecimentos do
comércio funcionaram. Os bancos, o fórum e a maioria das escolas da
cidade também não tiveram expediente. Por volta das 18h, um policial
civil retornava para casa quando se deparou com um suspeito e teve
início uma perseguição, que terminou em tiroteio e a criança baleada. O
policial civil levou a criança ao Hospital Municipal de Amargosa, mas
ela não resistiu aos ferimentos e morreu.
Segundo informações da Secretaria de Segurança
Pública (SSP-BA), após uma determinação da Corregedoria, a arma do
policial que participou da operação e de quem teria partido o tiro que
atingiu a criança, foi apreendida. A arma foi já foi encaminhada para
perícia no Departamento de Polícia Técnica (DPT). O local onde ocorreu o
episódio também passa por perícia.
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Escolas, bancos e comércio fecharam nesta quinta-feira (17)(Foto: Alexandro Motta) |
O policial deve ser ouvido ainda hoje na
Corregedoria da Polícia Civil ainda hoje. Um morador do município, que
não quis se identificar, informou ao Correio24horas que
conhece os pais da vítima e que o policial disse à família que atirou
na criança acidentalmente. "Ele disse que estava procurando por um
bandido e que não teve a intenção de atingir a criança. Ela foi baleada
na cabeça", conta. A menina estava no colo de um familiar quando foi
atingida pelo tiro.
49 veículos foram incendiados em noite de vandalismo; delegacia também foi invadida
Além da delegacia da cidade ter sido depredada e
parcialmente incendiada, moradores atearam fogo em 30 motocicletas, 18
carros e um ônibus escolar. Não há registro de feridos, segundo a
polícia. Na ação, que durou cerca de três horas, os moradores da cidade
baiana soltaram 14 presos que estavam na delegacia.
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Entre carros, motocicletas e ônibus escolar, 49 veículos foram queimados (Foto: Amargosa News) |
Segundo a polícia, cerca de 50 pessoas depredaram o imóvel e atearam
fogo no local. Um outro grupo chegou a fechar o terminal rodoviário de
acesso à cidade. A delegada e o promotor da cidade tiveram que deixar
seus locais de trabalho às pressas e refugiaram-se em um hotel da
cidade. A situação só foi controlada por volta das 21h, quando foi
enviado reforço policial de cidades vizinhas que enviaram cerca de cem
policiais para o local.
(Correio da Bahia)
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