Nesta segunda-feira (22),em sua última
publicação como colunista da Folha, Aécio afirma que teve a vida virada
pelo avesso. “Tornei-me alvo de um turbilhão de acusações, fui afastado
do cargo para o qual fui eleito por mais de 7 milhões de mineiros e vi
minha irmã ser detida pela polícia sem absolutamente nada que
justificasse tamanha arbitrariedade. Tenho sentimentos, sou de carne e
osso, e esses acontecimentos -o que é pior, originados de delações de
criminosos confessos, a partir de falsos flagrantes meticulosamente
forjados- me trouxeram enorme tristeza. Também, por certo, alimentaram
decepção naqueles que confiaram em mim ao longo de minha vida pública. É
principalmente a estes que ora me dirijo”, diz o tucano em trecho da
coluna.
Em outra parte da publicação, o senador
afastado diz que neste último ano empenhou-se em ajudar o presidente
Michel Temer para reerguer o país. “Tudo isso sofreu um abalo sísmico,
na semana passada, com a divulgação de gravações covardemente feitas
pelo réu confesso Joesley Batista de conversas com o presidente da
República e de outras que manteve comigo. Nestas, ele tenta conduzir o
diálogo para criar-me todo tipo de constrangimento. Lamento sinceramente
minha ingenuidade -a que ponto chegamos, ter de lamentar a boa-fé! Não
sabia que na minha frente estava um criminoso sem escrúpulos, sem
interesse na verdade, querendo apenas forjar citações que o ajudassem
nos benefícios de sua delação”, relata.
Ainda em sua defesa, Aécio lembra que
usou “um vocabulário que não costumo usar, e me penitencio por isso, ao
me referir a autoridades públicas com as quais já me desculpei
pessoalmente. Mas reafirmo: não cometi nenhum crime”.
O senador também explicou o fato
envolvendo um apartamento da família e um dos donos do Grupo JBS. A
empresária Andrea Neves, irmã do tucano, pediu R$ 40 milhões a Joesley
Batista, para a compra de um imóvel no Rio de Janeiro. Ele disse que
condicionou o pagamento à nomeação de um indicado seu para o comando da
Vale, mas que a operação não se concretizou.
“Foi do delator a sugestão de fazer um
empréstimo com recursos lícitos, que ele chamava "das suas lojinhas", e
que seria naturalmente regularizado por meio de contrato de mútuo, até
para que os advogados pudessem ser pagos. O contrato apenas não foi
celebrado porque a intenção do delator não era esta, mas sim criar
artificialmente um fato que gerasse suspeição e contribuísse para sua
delação”.
E continua: “daí por diante, fomos
vítimas de uma criminosa armação feita por elementos que não se
constrangeram em criar falsas situações para receber em troca os
extraordinários benefícios de sua delação, inclusive ganhando dinheiro
especulando contra o Brasil e contra os brasileiros, em razão da crise
provocada pela divulgação das gravações. Para eles, o crime e a calúnia
certamente compensam”.
Por fim, ele diz que vai provar sua
inocência. “Errei ao procurar quem não deveria. Errei mais ainda, e isso
me corrói as vísceras, em pedir que minha irmã se encontrasse com esse
cidadão, que em processo de delação arquitetou um macabro e criminoso
plano para obter certamente ainda mais vantagens em seu acordo. A partir
de agora, dedicarei cada instante de minha vida a provar minha
inocência e a de meus familiares, a mostrar que honrei os mandatos e a
confiança que os eleitores de Minas e de todo o país me delegaram em
mais de 30 anos de vida pública”.
Veja texto na íntegra:
O crime da calúnia
Nos últimos dias, minha vida foi virada pelo avesso. Tornei-me alvo
de um turbilhão de acusações, fui afastado do cargo para o qual fui
eleito por mais de 7 milhões de mineiros e vi minha irmã ser detida pela
polícia sem absolutamente nada que justificasse tamanha arbitrariedade.
Tenho sentimentos, sou de carne e osso, e esses acontecimentos -o
que é pior, originados de delações de criminosos confessos, a partir de
falsos flagrantes meticulosamente forjados- me trouxeram enorme
tristeza. Também, por certo, alimentaram decepção naqueles que confiaram
em mim ao longo de minha vida pública. É principalmente a estes que ora
me dirijo.
Tenho me dedicado a tentar construir um país melhor. Neste último
ano empenhei-me em ajudar o presidente Michel Temer no árduo trabalho de
reerguer o país, o que, avalio, vem sendo bem-sucedido. Há, porém,
muitos insatisfeitos e contrariados com as mudanças em marcha.
Tudo isso sofreu um abalo sísmico, na semana passada, com a
divulgação de gravações covardemente feitas pelo réu confesso Joesley
Batista de conversas com o presidente da República e de outras que
manteve comigo. Nestas, ele tenta conduzir o diálogo para criar-me todo
tipo de constrangimento.
Lamento sinceramente minha ingenuidade -a que ponto chegamos, ter
de lamentar a boa-fé! Não sabia que na minha frente estava um criminoso
sem escrúpulos, sem interesse na verdade, querendo apenas forjar
citações que o ajudassem nos benefícios de sua delação.
Além do mais, usei um vocabulário que não costumo usar, e me
penitencio por isso, ao me referir a autoridades públicas com as quais
já me desculpei pessoalmente.
Mas reafirmo: não cometi nenhum crime!
Setores da imprensa vêm destacando uma acusação do delator de que,
em 2014, eu teria recebido R$ 60 milhões em "propina". Mas muito poucos
tiveram a curiosidade de pesquisar e constatar que isso se refere
exatamente aos R$ 60 milhões que a JBS doou legalmente a campanhas do
PSDB naquele ano.
E foram raros também os que se interessaram em registrar afirmações
dos próprios delatores sobre mim -"nunca nos ajudou em nada" e "nunca
fez nada por nós", disseram a meu respeito. Então pergunto: onde está o
crime? Aliás, de qual crime acusam a mim e a meus familiares?
Em março deste ano, solicitei a minha irmã e minha amiga, Andrea,
que procurasse o senhor Joesley, a quem ela não conhecia, e oferecesse o
que já havíamos feito sem sucesso com outros empresários brasileiros: a
compra do apartamento em que minha mãe mora, herança do seu falecido
marido, e que já estava à venda. Parte desse valor nos ajudaria a arcar
com os custos de minha defesa.
Foi do delator a sugestão de fazer um empréstimo com recursos
lícitos, que ele chamava "das suas lojinhas", e que seria naturalmente
regularizado por meio de contrato de mútuo, até para que os advogados
pudessem ser pagos.
O contrato apenas não foi celebrado porque a intenção do delator
não era esta, mas sim criar artificialmente um fato que gerasse
suspeição e contribuísse para sua delação.
Daí por diante, fomos vítimas de uma criminosa armação feita por
elementos que não se constrangeram em criar falsas situações para
receber em troca os extraordinários benefícios de sua delação, inclusive
ganhando dinheiro especulando contra o Brasil e contra os brasileiros,
em razão da crise provocada pela divulgação das gravações. Para eles, o
crime e a calúnia certamente compensam.
São, portanto, evidentes o comprometimento de meus acusadores e a
inconsistência do teor das acusações dirigidas contra mim e minha
família. Fui vítima de criminosa armação. Mas isso não significa que não
tenha errado.
Errei ao procurar quem não deveria. Errei mais ainda, e isso me
corrói as vísceras, em pedir que minha irmã se encontrasse com esse
cidadão, que em processo de delação arquitetou um macabro e criminoso
plano para obter certamente ainda mais vantagens em seu acordo.
Vale aqui registro em relação aos motivos usados para a suspensão
de meu mandato parlamentar, iniciativa para a qual não há precedentes.
Nenhum de meus atos legislativos e políticos demonstram qualquer
intenção de obstruir a Lava Jato ou qualquer outra investigação,
tampouco interferir em instituições encarregadas de apurar os fatos. Ao
contrário, minhas posições sempre foram claras e legitimadas pelo
exercício de meu mandato.
A partir de agora, dedicarei cada instante de minha vida a provar
minha inocência e a de meus familiares, a mostrar que honrei os mandatos
e a confiança que os eleitores de Minas e de todo o país me delegaram
em mais de 30 anos de vida pública.
Usarei como armas a lei e a verdade para que esta injustificável
violência contra Andrea e contra Frederico seja rapidamente revertida.
Acredito na força da nossa democracia, confio na Justiça e na
integridade das nossas instituições. Estou convicto de que, ao cabo do
devido processo legal e do desenrolar das investigações, a verdade
prevalecerá e a correção de meus atos e de meus familiares restará
provada.
Diante da necessidade de dedicar-me integralmente à minha defesa,
deixo de ocupar nesta Folha o espaço que, durante quase seis anos,
ocupei semanalmente, buscando contribuir para aprofundar a discussão
sobre os problemas do país.
Aos leitores da Folha que me acompanham nesta jornada, de alegrias e
tristezas, deixo meu sincero agradecimento. Aos brasileiros, reafirmo a
minha determinação de enfrentar este momento de incompreensões, com a
coragem e a altivez que jamais me faltaram ao longo de toda a minha
caminhada. A verdade prevalecerá!
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